Há algo me rasgando hoje, nascendo também, posso chamar de salvamento se quiser, emprestar alegria e cor, que de todas as formas será dito que há algo em mim se transformando... O céu fica cinza-esbranquiçado, negro, pesado de nuvens, o vento sopra forte, raios começam a dançar, trovões, chove forte, também dentro de mim... Tudo isso pode acontecer tão de repente né? Pode se sofrer os impactos de maneira a ser marcado pra sempre ou se pode nem sentir, tal relevância nem ser lembrada... Hoje está verde em mim, até brilhante, estou acreditando em algo mais, fé! se quiser chamar assim... Não reclamo do sol, nem me escondo da chuva, simplesmente me deixo, leve, quase como o vento, sim, como o vento, que arrasta coisas grandes em sua sutileza. Está um pouco frio e triste, não consigo ver o sol, mas posso senti-lo por trás das nuvens: e isso está bastando neste momento.
A música vibra um ritmo através de uma voz que me devora por dentro...
Morrissey, sempre, baby.
Quero guardar esse momento, como levo comigo o sabor que a chuva levanta da terra quando a toca, o frescor e o perfume, essas coisas que de uma forma ou de outra sabemos, sim, a gente sente e sabe, eu quero isso e quero muito mais. Lembro-me da saudade com certa alegria, como quando num período de tempestade o calor sufocante é ambicionado. O que pesava em meus ombros foi arrastado pela correnteza: um barco de papel sendo tranquilamente colocado nas águas de um riacho, o pesar que eu sustentava foi deixado, passado, levado... A calmaria que ficou é um sentimento de magnitude jamais por mim experimentado, Aurora Borealis. Misteriosa e transitória: me apego ao que fica, ao que ficou do que passou e vou rompendo a ventania, inunda... Estrelas virão com a noite, outras certezas virão com a noite, ou não! Agora enxergo o mundo com os olhos de uma criança que acabou de nascer: de nada sei, nada temo, sou parte de tudo, sou nada...
Quero afogar-me nessas coisas...
Há algo me resgatando hoje, morrendo também; certas coisas jamais voltarão a ser como antes.
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